terça-feira, 2 de julho de 2013

Fenômeno ocorrido na Sibéria continua por explicar



"É preciso esperar que haja um evento semelhante para dar uma resposta clara sobre aquilo que aconteceu lá", - é assim que os astrofísicos referem um fenômeno conhecido como o "meteorito de Tunguska". Depois da sua queda, foi publicado um sem número de comentários que ofereciam as mais diversas versões, incluindo as mais fantásticas. A ausência de fragmentos deste corpo celeste é o principal obstáculo que impede a conclusão das pesquisas científicas que se prolongam por um prazo evidentemente demasiado extenso: desde o dia 30 de junho de 1908, - data da explosão no rio siberiano de Tunguska, - já se passaram 108 anos.
"Um bólide, cujo brilho superava o brilho do Sol", - foi assim que testemunhas oculares descreveram aquilo que tinham visto naquela manhã. Em breve golpes atroadores fizeram tremer a terra, as árvores começaram a cair pegando fogo. Numa área de centenas de quilômetros em redor foram quebrados os vidros das janelas. Em diversas regiões da Europa e da Ásia o céu brilhou durante vários dias.

Os jornais reagiram prontamente a este evento incomum mas, afinal, tudo se limitou a publicações: a Rússia estava na véspera de uma série de guerras e revoluções. A primeira expedição chegou a esta região siberiana de acesso difícil apenas em 1927. Os seus participantes viram a floresta derrubada em forma de círculo, cujo diâmetro era de cerca de 50 quilômetros. Mas nenhuma das expedições encontrou uma cratera ou algum fragmento. A sua ausência serviu de base para diversas hipóteses. Houve quem afirmasse, inclusive, que uma nave extraterrestre com instalação nuclear tivesse explodido sobre a floresta siberiana. Outros achavam que um "buraco negro" ou um coágulo de antimatéria teriam penetrado na Terra. Os céticos objetavam. Na sua opinião, neste caso fenômenos idênticos deveriam ter lugar também no local de saída do "buraco negro", isto é, no outro lado do globo terrestre. Mais tarde, uma outra versão passou a ganhar vulto, - revela Oleg Malkov, chefe do Departamento da Física de Sistemas Estelares do Instituto de Astronomia junto da Academia de Ciências Russa.
"O argumento único e o mais importante: no local do fenômeno de Tunguska não foram encontrados restos. Em 1947 no Extremo Oriente caiu o meteorito de Sikhote-Alin e, no local, da sua queda foram encontrados e continuam sendo encontrados numerosos fragmentos metálicos. Mas o corpo que caiu na região do rio Tunguska não deixou absolutamente nada. Por isso, o mais provável é que neste caso tivesse caído algo muito friável e, quanto aos corpos "friáveis", o candidato mais provável é um cometa.
Quanto à onda de choque, este é um fenômeno de interação comum entre um grande corpo extraterrestre e a atmosfera. Eis o comentário de Dmitri Vibe, chefe do Departamento de Física e Evolução das Estrelas, do Instituto de Astronomia junto da Academia de Ciências Russa.
"Os corpos entram na atmosfera da Terra a uma enorme velocidade, que supera substancialmente a velocidade do som. Para eles, a nossa atmosfera representa, na realidade, uma barreira sólida. Portanto, não se trata da explosão do cometa por causa da colisão com a atmosfera. Na realidade, ele colidiu com a atmosfera e desintegrou-se."
Nos últimos anos, o evento na região de Tunguska tem despertado novamente a atenção geral. Cientistas italianos verificaram com aparelhagem especial o lago Checo, que se encontra no epicentro do eventual local da queda. Chegaram à conclusão de que uma parte do bólide devia ter atingido a superfície da Terra e que foi precisamente por isso que neste local surgiu um lago. Mas nem todos os especialistas estão de acordo com esta opinião. O pesquisador russo Andrei Zlobin publicou fotografias de certas pedras que seriam, supostamente, fragmentos do "peregrino celeste". Esta sua publicação deu que falar. Mas a análise química destas pedras jamais foi feita. Gera dúvidas também um outro fator: Zlobin tinha recolhido estas pedras em 1988 e durante todo este tempo manteve tudo isso em segredo. Há pouco foi publicada uma obra de cientistas ucranianos. Eles encontraram nos pântanos certos grãos de pedra e afirmam que eles são restos do meteorito. Com efeito, nos cometas existem incrustações de pedra e esta suposição não contraria a versão de que o bólide de Tunguska fosse precisamente um cometa. A fim de obter um quadro mais claro do evento no rio Tunguska, pode-se traçar um paralelo com o meteorito de Chelyabinsk, que entrou na atmosfera terrestre em fevereiro deste ano. Dmitri Vibe afirma que é preciso apenas recolher mais dados sobre este fenômeno.
"A pesquisa do fenômeno em Tcheliabinsk está bem longe da sua conclusão e o tempo que se passou a partir de então é insuficiente para dar uma resposta clara. As expedições continuam."
Os interlocutores da Voz da Rússia estão certos de que a "versão de cometa" é a mais verossímil e não pretendem renunciar a ela enquanto não obtiverem dados a favor de outras hipóteses. Mas, por enquanto, não existe uma explicação exata daquilo que se aconteceu na Sibéria há 105 anos.

Fonte : Voz da Rússia

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